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sexta-feira, 19 de março de 2010

Um sono bom

Pegar trem é complicado. Não é a primeira nem a última vez que digo isso. Quando se consegue um lugar para sentar até vale acreditar em Deus, para agradecer essa dádiva.

Assim, quem consegue um lugar não perde tempo: encosta a cabeça e dorme. Eu mesmo faço isso. O balançar do trem não dá outra opção, é quase um colo de mãe que põe o filho para ninar. Mas, mora um perigo aí: perder a estação. Um risco que, por vezes, vale a pena correr, seja de manhã, com aquela cara de mal-dormido, ou à noite, cansado de um dia de trabalho.

Dia desses, não fui consagrado e fazia meu regresso para Mogi em pé, mesmo. Na minha frente, uma mulher, que devia ter lá pelos seus 40 ou 50 anos, aconchegou-se em seu lugar. Sentada, pegou uma de suas blusas e a transformou num agradável travesseiro, e com a outra fez-se um cobertor. E dormiu. Dormiu gostoso, de roncar um tanto até.

Olhei para ela. Dava gosto olhar, parecia um sono merecido. Até me preocupava se algum balançar maior do trem a acordasse.

Chegamos na estação final. De baldiação, na verdade. Todos levantaram e nem ligaram para a mulher dormindo. Queriam sair logo e conseguir sentar no próximo trem. Pensei em acordá-la. Mas não o fiz. Sei que o certo, talvez, fosse acordá-la. Entretanto, aquele sono parecia tão sincero, tão justo, tão despreocupado.

De certo, se ela acordasse, chegaria em sua casa e diversos problemas lhe apareceriam: contas, filhos, cozinha, cansaço, televisão, pessoas chatas, responsabilidades... e, mais tarde, iria se deitar, tarde da noite, com milhares de problemas na cabeça, seria um sono inquieto. Diferente do sono de agora.

Mentalmente desejei boa noite e fui embora.

E espero que ela tenha conseguido chegar em casa depo

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